Ao ataque, como nunca. Luís Filipe Vieira atirou-se ontem com
todas as forças ao FC Porto e a Pinto da Costa, através
de um discurso cheio de indiretas, onde não se cansou de repetir
as palavras "burros" e "ladrão". Tendo como ponto de partida a
homenagem aos campeões nacionais de basquetebol, e sem alguma
vez referir o nome do clube nortenho ou do seu presidente, o
líder dos encarnados, considerou que "o que se passou no
Dragão é uma vergonha para o desporto e para o
país". E atirou: "Só não é uma vergonha
para quem não tem, nem nunca teve vergonha na cara!" Vieira
não abrandou e lançou um ataque voraz e feroz ao
congénere. "Um ladrão não deixa de ser
ladrão por ir ao Papa! Um ladrão não deixa de ser
ladrão por declamar poesia", disparou, numa referência
implícita à paixão de Pinto da Costa em declamar
poesia, nomeadamente de José Régio, e ainda ao facto de o
líder portista ter sido recebido já por duas vezes no
Vaticano, primeiro em 2003 pelo Papa João Paulo II, e já
em 2011 por Bento XVI.
"A vossa vitória não foi apenas uma vitória
desportiva, foi uma vitória da verdade, da coragem, foi uma
vitória de quem soube sofrer as consequências de ir ganhar
a uma casa que não tem dignidade nas derrotas", frisou,
sublinhando: "O que alguns fizeram ontem [anteontem] e na
véspera do jogo foi demasiado grave para ficar impune." "E ainda
têm a lata de falar de apagões? Quando a sua
história foi marcada por fruta, corrupção e
compadrios?", referiu, reforçando: "Têm a lata de falar de
verdade desportiva quando o seu sucesso foi construído com base
na maior mentira do desporto português?"
Vieira fez da vitória do basquetebol no Dragão Caixa
"uma demonstração clara de tudo quanto o clube tem vindo
a denunciar" e lembrou que "o sistema ainda não acabou".
"Continua construído na intimidação,
violência e favores", defendeu, reconhecendo que se "as
razões do Benfica podem não chegar à UEFA, como
não chegaram as 'escutas da fruta', como não chegaram
para a justiça portuguesa as 'escutas do café com
leite'!", isso não será suficiente para o fazer desistir.
E prometeu: "Não vamos parar enquanto não limparmos o
desporto português".
"Burros não são os que acreditam na mudança.
Burros são os que acreditam que isto nunca vai mudar. Burros
são os que acreditam que a impunidade vai durar para sempre",
disparou, sem parar. "Será que alguns dirigentes só
gostam da atuação da polícia quando esta os avisa
que têm de fugir para não serem presos?", soltou,
respondendo às queixas portistas em relação
à intervenção policial após a partida de
basquetebol, considerando que "um fugitivo da justiça não
o deixa de ser apenas porque alguns juízes decidiram assobiar
para o lado". "Alguns muros já caíram, mas não vou
descansar enquanto houver quem tenha medo e se sinta condicionado por
ameaças e represálias", prometeu, garantindo que
não vai "descansar enquanto algumas federações
continuarem a ter medo de agir com liberdade". E realçando que
vai "continuar a denunciar e a combater o sistema o tempo
necessário", deixou um aviso em relação a uma
modalidade em que o Benfica aspira também a roubar o
título ao FC Porto: "Só espero que não venha agora
atacar no hóquei em patins, porque vamos estar muito atentos!"
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