Demónios vikings exorcizados pelo pé de Varela.
Silvestre Varela! Saltou do banco perto fim, resgatou a alma lusitana das cinzas depressivas, fez o golo, o abençoado golo. Minuto 86, o suspiro aliviado de toda uma nação, dez milhões de corações a bater no peito do pé direito do extremo. Portugal está na luta.
O fatalismo já andava de braço dado com o drama. Preparavam-se para uma visita de surpresa. Varela não deixou e decepou em tempo útil a crença e a paixão vikings. O que Portugal sofreu sem necessidade, o que Portugal adiou por temer a felicidade definitiva.
No instante em que Cristiano Ronaldo, pela segunda vez no jogo, falhou completamente isolado o golo, percebeu-se que nada de bom viria a caminho. Quase a seguir, o intrépido Nicklas Bendtner, homem viciado nos golos a Portugal, fez o 2-2 e reavivou pesadelos sem sentido.
Faltava entrar Varela, faltava soltar o veneno que este Portugal tem e evita usar. Há muitas questões a responder, mais pormenores a solucionar mas, para já, o essencial está conquistado: Portugal jogará uma espécie de oitavos-de-final diante da Holanda.
FICHA DE JOGO E AO MINUTO
A indefinição corrói esta equipa. Consome o otimismo, a obra feita, enferruja o ensinamento. Não há lógica na queda abrupta após o 2-0, não há sentido no adiar da tranquilidade. Até aos 36 minutos tudo morava na perfeição.
Pepe fizera de cabeça o primeiro, Hélder Postiga silenciara num pontapé soberbo os clubes de críticos que o perseguem há anos. Portugal domava com uma facilidade assinalável a Dinamarca. Vikings? Só se fossem Vicky e respetiva tripulação, os mais amistosos dos desenhos animados.
E, depois, lá está, a indefinição do que se pretende fazer e a condução ao erro. Pretende-se que Portugal conjugue o futebol apoiado e o jogo direto, que acaricie e golpeie ao mesmo tempo, que incorpore duas personalidades no mesmo cérebro. Confusão, bipolaridade, erro.
Num lapso defensivo sobre a esquerda, Jakob Poulsen cruzou, Krohn-Dehli surgiu nas costas de toda a defesa, o maldito Nicklas Bendtner encostou a testa à bola e reintroduziu a dúvida no jogo.
Os portugueses, um a um
Paulo Bento tem de definir muito bem o que pretende de Cristiano Ronaldo. Tem de definir se o melhor jogador do mundo deve cumprir desígnios táticos, apoios ao lateral, compensações e afins. Sob pena de desequilibrar a equipa e quebrar um bloco que pode ser sólido.
Não foi uma ou duas vezes, foram uma mão-cheia as subidas de Lars Jacobsen pelo corredor direito. Livre, solto, a cruzar para um golo, a assistir para outro e a deixar Fábio Coentrão completamente à sua mercê.
Esta anarquia posicional, no processo defensivo, é tão ou mais grave do que os dois golos falhados clamorosamente. Somado tudo isto ao habitual estoicismo nórdico, a Dinamarca chegou a uma igualdade que jamais fez por merecer.
Portugal foi sempre melhor e também incapaz de fechar a discussão da peleja mais cedo. Isto é grave. Ao invés de ser decisivo, o grande Ronaldo está a confundir a mecanização do conjunto.
Se a seleção não ganhasse este jogo, as palavras teriam de ser ainda mais duras. O triunfo, heróico, pacifica, mas a mesa de conversações não deve ser arrumada a um canto.
A análise aos vikings
O fatalismo já andava de braço dado com o drama. Preparavam-se para uma visita de surpresa. Varela não deixou e decepou em tempo útil a crença e a paixão vikings. O que Portugal sofreu sem necessidade, o que Portugal adiou por temer a felicidade definitiva.
No instante em que Cristiano Ronaldo, pela segunda vez no jogo, falhou completamente isolado o golo, percebeu-se que nada de bom viria a caminho. Quase a seguir, o intrépido Nicklas Bendtner, homem viciado nos golos a Portugal, fez o 2-2 e reavivou pesadelos sem sentido.
Faltava entrar Varela, faltava soltar o veneno que este Portugal tem e evita usar. Há muitas questões a responder, mais pormenores a solucionar mas, para já, o essencial está conquistado: Portugal jogará uma espécie de oitavos-de-final diante da Holanda.
FICHA DE JOGO E AO MINUTO
A indefinição corrói esta equipa. Consome o otimismo, a obra feita, enferruja o ensinamento. Não há lógica na queda abrupta após o 2-0, não há sentido no adiar da tranquilidade. Até aos 36 minutos tudo morava na perfeição.
Pepe fizera de cabeça o primeiro, Hélder Postiga silenciara num pontapé soberbo os clubes de críticos que o perseguem há anos. Portugal domava com uma facilidade assinalável a Dinamarca. Vikings? Só se fossem Vicky e respetiva tripulação, os mais amistosos dos desenhos animados.
E, depois, lá está, a indefinição do que se pretende fazer e a condução ao erro. Pretende-se que Portugal conjugue o futebol apoiado e o jogo direto, que acaricie e golpeie ao mesmo tempo, que incorpore duas personalidades no mesmo cérebro. Confusão, bipolaridade, erro.
Num lapso defensivo sobre a esquerda, Jakob Poulsen cruzou, Krohn-Dehli surgiu nas costas de toda a defesa, o maldito Nicklas Bendtner encostou a testa à bola e reintroduziu a dúvida no jogo.
Os portugueses, um a um
Paulo Bento tem de definir muito bem o que pretende de Cristiano Ronaldo. Tem de definir se o melhor jogador do mundo deve cumprir desígnios táticos, apoios ao lateral, compensações e afins. Sob pena de desequilibrar a equipa e quebrar um bloco que pode ser sólido.
Não foi uma ou duas vezes, foram uma mão-cheia as subidas de Lars Jacobsen pelo corredor direito. Livre, solto, a cruzar para um golo, a assistir para outro e a deixar Fábio Coentrão completamente à sua mercê.
Esta anarquia posicional, no processo defensivo, é tão ou mais grave do que os dois golos falhados clamorosamente. Somado tudo isto ao habitual estoicismo nórdico, a Dinamarca chegou a uma igualdade que jamais fez por merecer.
Portugal foi sempre melhor e também incapaz de fechar a discussão da peleja mais cedo. Isto é grave. Ao invés de ser decisivo, o grande Ronaldo está a confundir a mecanização do conjunto.
Se a seleção não ganhasse este jogo, as palavras teriam de ser ainda mais duras. O triunfo, heróico, pacifica, mas a mesa de conversações não deve ser arrumada a um canto.
A análise aos vikings
in Mais Futebol
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