Champions: Benfica derrotado frente ao PSG por 3-0
Lição muito mal estudada dos encarnados frente a uma equipa de outro campeonato.
Tout court,
claro que faz sentido! O Benfica conseguiria ombrear com o Barcelona
como o PSG fez na última temporada? Jorge Jesus talvez pense que sim,
mas a verdade é que tal nunca pareceu possível nem na altura em que
defrontou os catalães nem agora que a experiência não pode ser
comprovada. Os encarnados nunca em nenhum momento foram favoritos para
este jogo, sobretudo na forma em que se apresentam e que é
incompreensível, e as diferenças entre as duas equipas aumentaram ainda
mais depois dos «olés» que se ouviram na bancada no início da segunda
parte.
O que não se entende e não pode ser explicado apenas com
os valores individuais do adversário é que o Paris Saint-Germain não
acrescentou nada de novo ao que vinha fazendo e, mesmo assim,
surpreendeu o Benfica com um resultado volumoso. Sim, é verdade que o
Benfica não tem um Ibrahimovic ou um Cavani, mas estudou muito mal a
lição para anular movimentos que estavam perfeitamente identificados no
rival.
A teoria
A
lógica dizia que Jesus tinha razão. André Almeida porque quem estava do
lado de lá era Maxwell, um dos mais principais jogadores a fazer
movimentos de rotura. Siqueira porque sim, é ele o dono indiscutível do
lugar. Gaitán porque Van der Wiel também é muito ofensivo e o brasileiro
podia precisar de apoio. E Djuricic, para haver alguém a levar a bola
até Cardozo, que tinha a companhia de um central duro como Alex e um
menos pressionante mas muito hábil no desarme chamado Marquinhos. Esta
era a teoria, a prática teria de ser confirmada sobre o relvado.
Já
a Laurent Blanc, sem Thiago Silva, só lhe restava uma coisa: esperar
que Alex, desta vez, estivesse bem, depois da falsa partida há três
jogos. Naquela que foi a equipa ideal que encontrou algumas jornadas
depois do início da Ligue 1, e que foi gerindo nos últimos tempos, não
mexeu. Lavezzi, pela sua influência na equipa, iria certamente voltar ao
onze, tal como o trio do meio-campo iria ser mais de contenção, a
exemplo do que tem acontecido nos jogos mais a doer: Verratti, Thiago
Motta e Matuidi. A única dúvida que havia seria uma eventual troca, com o
ex-Pescara mais recuado na posição 6 e o ex-Barça ao lado, com ordens
para subir. Em quase toda a época tinha sido ao contrário, com Motta no
meio, mas, como se disse, e porque já tinha sido tentado por Blanc numa
das últimas partidas, havia a questão a perdurar no ar. Os primeiros
minutos trouxeram a resposta, com Motta na posição seis.
Os
perigos eram bem conhecidos. O papel de Ibrahimovic no recuo para ter a
bola, fosse pelo ar ou pelo chão, e organizar o ataque; o influência dos
laterais no envolvimento das defesas contrárias; a capacidade de
Matuidi chegar rápido na frente; e as bolas paradas, com bons marcadores
como Motta (à direita), Lavezzi ou Lucas (à esquerda) e Ibra (diretos,
em zona frontal). A somar a todo isto, reconheça-se, um plantel
milionário, com alguns dos melhores executantes do mundo.
A prática
Aos
quatro minutos, o desequilíbrio começa no meio, com Matic a falhar a
entrada perante Matuidi, que coloca em Verratti. A visão de jogo do
italiano permitiu-lhe ver a corrida de Van der Wiel já na área
(laterais, lembra-se?), e o holandês só teve de colocar no lado
contrário em Ibra (é aquele sueco de rabo de cavalo que mexe com toda
equipa), sem marcação, para que o avançado marcasse.
A boa
notícia que os primeiros minutos davam era que parecia haver um pouco
mais de Matic do que nos outros jogos, mas a ideia foi-se perdendo com o
avolumar do resultadi. O tempo e a gestão parisiense fariam com que o
Benfica se aproximasse um pouco da baliza de Sirigu. Siqueira rematou
por alto na melhor oportunidade nos primeiros 45 minutos e os da Luz
ficariam sem poder anular a derrota cinco minutos depois, aos 24, com o
golo de Marquinhos. Mais uma vez, não estava tudo decorado. É Ibra, à
vontade, que provoca o desequilíbrio com um passe de calcanhar para
Verratti, o italiano desmarca Matuidi (leram lá em cima que ele chegava
rápido na área?), e o francês assistiu Marquinhos para o 2-0.
Já
sem Fejsa, por culpa de mais uma lesão, com Matic de novo a seis e Tiago
Gomes de volta a ser opção mais de quatro meses depois (esteve na
última jornada da última Liga), o 3-0 chegaria com aparente
naturalidade. Um canto (daqueles que são sempre perigosos), e
Ibrahimovic, melhor e mais alto que Garay, a bisar.
A outra face
Jesus
deu a outra face do Benfica no segundo tempo. Djuricic, aposta falhada
por inteiro, entregou o seu lugar a Markovic. No entanto, foi Enzo quem
passou para o meio, ajudando também na hora em que não havia bola. O PSG
estava contente, nada o tiraria do trono do Grupo C e já tinha sido
mais do que convincente. O Benfica continuou a lutar, a rematar para
defesas mais ou menos fáceis de Sirigu.
Já Artur teve bem mais
trabalho, mesmo com os gauleses menos aplicados. Aos 74, com o seu pé
esquerdo, negou a goleada e o golo com assinatura de Cavani. A goleada
pareceu sempre mais perto de acontecer do que o tento de honra dos
portugueses. Os da casa acabaram a gerir. Primeiro o esforço de Verratti
(Rabiot) e Lavezzi (Lucas), e depois o de Alex (Camara). E isso prova o
quanto foi fácil para o PSG
in Mais Futebol
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