Champions: FC Porto 1 - 2 Atl. Madrid
Máquina da verdade tira as dúvidas: ainda falta muito a este F.C. Porto
O F.C. Porto foi à maquina da verdade e sai com muito que refletir. O
Atlético de Madrid foi o algodão que se esperava: ajudou a tirar
dúvidas, criou outras e mantém o F.C. Porto naquela corda bamba estranha
que se começou a vislumbrar há tempos. Não está fácil perceber o que
vale ao certo esta equipa, mas uma conclusão já dá para tirar: não está
melhor do que no passado recente.
O que aconteceu esta noite no
Dragão foi uma réplica perfeita do que tem sido o F.C. Porto este ano.
Excelente entrada em campo, golo e, depois, um alheamento (ou
incapacidade) difícil de perceber.
O F.C. Porto tem atenuantes, é
certo, e esses começam logo no nome do adversário. Falamos de uma
equipa que é líder de um dos melhores campeonatos do mundo. Invicta.
Acabadinha de sair de uma vitória no Santiago Bernabéu. Antes deste jogo
do Dragão, aliás, nunca estivera a perder.
O Atlético de
Madrid, de Simeone, foi, sem dúvida, o muro mais difícil que o F.C.
Porto teve de trepar esta época. Não teve mãos para isso, pese toda a
boa vontade que mostrou no primeiro tempo. E quase só aí, convém
reforçar.
A chave para essa primeira parte de grande qualidade
esteve, acima de tudo, em Fernando. O Atlético jogava com David Villa e
Léo Batistão para os dois centrais do F.C. Porto. Paulo Fonseca nem
pensou em recuar Fernando. Jogando no espaço entre a linha defensiva e o
miolo, o brasileiro gozou de tempo e oportunidade para criar. E já o
faz bem melhor por estes dias.
A pressão começava aí. Passava
por um Defour a vascular para o espaço, à esquerda ou à direita, e a
libertar Danilo e Alex Sandro para subidas constantes. Chegava a
Jackson, com a luta do costume. Faltou, quiçá, mais Lucho a esta
equação. Noite menos positiva do argentino.
Uma metralhadora a apontar para o pé
Problemas?
Existiram claro. Josué nunca disfarçou uma exibição de altos e baixos e
Varela também não convenceu. Dispôs da primeira oportunidade, logo aos 9
minutos, num cabeceamento defeituoso após centro da esquerda. Ainda
viria a desperdiçar outra, perto do intervalo, com Courtois a defender
com o pé.
Pelo meio, o golo. Jackson Martínez foi mais rápido
que Godín e, no coração da área, desviou de cabeça o livre de Josué. 15
minutos e toda a lógica: só dava F.C. Porto por aquela altura.
E
o golo não mudou logo a toada. É verdade que perto do intervalo já Raul
García tinha cabeceado à trave numa má saída de Helton, após canto. Não
seria a única e teria custos. Mas também é certo que só na segunda
parte, quando Simeone alargou o ataque com Cristian Rodríguez em vez do
apagadíssimo David Villa, o Atlético conseguiu passar a dominar.
E
mesmo aí deu a sensação de que a culpa foi toda do F.C. Porto. Não
conseguia ter bola, vacilava nas decisões e dava ares de indecisão.
Tinha um jogo para controlar e não tinha arte para o fazer. Os espanhóis
perceberam e aproveitaram. E tiveram ajuda. A equipa de Paulo Fonseca
descarregou uma metralhadora no próprio pé para que o empate aparecesse.
Foi incrível toda aquela sucessão de erros. Perda de bola de
Josué, falta desnecessária (que até poderia valer o segundo amarelo) e
saída absurda de Helton. Lembram-se? Ia custar caro e custou. Godín
empatou.
Sem soluções
A
igualdade no marcador trouxe à tona uma realidade que também começa a
ser difícil de abafar: a equipa já pareceu ter mais soluções. Licá e
Quintero não mexeram com o jogo e o F.C. Porto não voltou a ser mandão.
Não voltou a assumir o controlo e voltou a sofrer de bola parada (nova
falta desnecessária, agora de Mangala), num lance, diga-se, muito bem
ensaiado pela equipa de Simeone. Arda Turam desferiu o golpe final a
cinco minutos do fim.
Era tarde de mais. O F.C. Porto tem estofo
para estas andanças? A equipa respondeu que sim e quis prová-lo. A
máquina da verdade diz que não. Mas ainda não é tarde para mudar. Para
já, só o primeiro lugar do grupo ficou mais complicado.
in Mais Futebol
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