O insuportável tom de injustiça no adeus maldito
Injustiça. Escreveríamos a palavra da cabeça aos pés da crónica.
Injustiça. A maldição das grandes penalidades inquinou
o sonho do título português. Foi corrosiva,
maliciosa, esmagou a bola de João Moutinho nas mãos de Casillas e a
bomba de Bruno
Alves no ferro.
É duro, ainda mais duro, o adeus indesejado por duas partes. O Euro2012 merecia mais Portugal, Portugal
merecia mais Euro2012. Injustiça.
Lágrimas
de comoção, o sal de Portugal a escorrer pela face deste torneio
maravilhoso. Chorar, chorar pela consolidação
total, pelo sorriso triturado num detalhe, pela infelicidade agora
invasora
e ingrata.
Como cresceu este Portugal, como foi capaz de bloquear o tiki e anular o taka.
Ver o pequeno
Moutinho ser Golias, ver um Pepe versão
King-Kong a espantar-espanhóis, ver um Portugal mais convincente do que
nunca e...
perder. Duro.
Recorde o AO MINUTO do Portugal-Espanha
Tudo
o que podia ser feito, foi feito. Repressão
caótica às forças de todo o mal, campeãs da Europa, conquistadoras do
Mundial.
E a Seleção Nacional irredutível, até ao fim.
Todo
o rumor de perigo, toda a intenção inquisidora facilmente desmontável
por um bloco sólido, granítico, competente nas
várias questões levantadas por um jogo exigente, árduo, robusto.
Não
nos enganemos. Portugal nunca esperou pelas más
notícia e jamais se conformou com o pré-aviso de catástrofe. Não. Quis
ser
igual aos melhores e foi. Os olhos da fortíssima
armada espanhola encontraram os da temível nau portuguesa, a
circum-navegação
enredou-se no mapa do jogo e o conflito
revelou-se indefinível.
Podia ter acabado aos 89 minutos num
eclodir perfeito.
Contra-ataque desenhado com finura, Cristiano
Ronaldo a fugir pela esquerda, a ter a baliza de Casillas pronta a
entregar-se
e a rematar por alto. Que pena Portugal!
A
procura absurda, pela frequência desmedida, de confundir Portugal com
a troca de bola teve um resultado oposto.
Confundiu, isso sim, a Espanha, que só aos 68 minutos fez o primeiro
remate enquadrado
com a baliza de Rui Patrício.
Os portugueses: um a um
Até
essa altura, aliás até ao final dos 90 minutos, é justo dizer
que a Seleção Nacional foi superior. A narrativa
teve uma louca precipitação de acontecimentos, um rol de tropelias
interessantíssimo,
mas tudo seria trasladado para o prolongamento
e, depois, para as grandes penalidades.
Nessa fase extra, sim. O
mostruário
de virtudes espanholas vincou a qualidade, o
domínio e empurrou Portugal para trás. Rui Patrício ainda fez um pequeno
milagre,
o nulo prevaleceu e enganou o desejo lusitano um
pouco mais.
Até ao assomar insuportável da injustiça, a tal
palavra
que julgávamos perdida no segundo parágrafo. Mas
mesmo no adeus esta Seleção Nacional teve encanto.
in Mais Futebol
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