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domingo, 29 de setembro de 2013

FC Porto contraditório vence Guimarães pela diferença mínima

O dragão precisa de fogo mas alimenta-se da dúvida.

Para quem busca o clamor do triunfo, do reconhecimento e da autoridade, a magreza do 1-0 não sacia. Au contraire: ergue uma profunda dúvida sobre o estilo de vida do novo FC Porto. E se esses três pontos forem obtidos através de um penálti inexistente, como é o caso, então o sucesso passa a ter uma conotação anorética.

Paulo Fonseca vem de um trabalho genial em Paços Ferreira. É um bom comunicador, um homem sabedor, mas o discurso não bate certo. As palavras nas salas de imprensa não encontram eco harmonioso nas exibições.

Culpa do treinador? A precocidade da época desaconselha uma análise severa. Tudo é ainda novidade e os resultados, na verdade, são satisfatórios. Bons até. O problema é que a equação escolhida para chegar ao produto final peca por evidentes contradições.

Sejamos claros: nesta altura, ver este FC Porto é ver uma equipa recheada de talento e desnorte.

É impossível perceber ou adivinhar os caminhos pretendidos pelo dragão. Mas é imperativo também que o mesmo dragão entenda, o quanto antes, a urgência de se encontrar a si mesmo. E para isso não pode querer abraçar duas ou mais ideologias.

30 minutos a prometer um mundo perfeito

Frente ao Vitória Guimarães, o FC Porto teve 30 minutos francamente bons. Dinâmico, com movimentações acertadas, intenso e a fazer pressão alta. O jogo podia ter ficado ali decidido, mas a finalização (outra lacuna) tarda em ser convincente.

A partir daí, os azuis e brancos foram uma equipa contraditória. A dispersão minou a auto-estima e a equipa jamais soube fazer a transição entre a sensatez e o brilhantismo. O primeiro golo não aparecia, as pernas passaram a tremer e a executar mal.

O catálogo interminável de Quintero, um génio em potência, também fechou demasiado cedo, embora ainda a tempo de arrancar a tal grande penalidade inexistente. Josué fez o único golo do jogo e faltava ainda mais de meia-hora para jogar.

Julgava-se, erradamente, que a vencer o FC Porto recuperaria os interessantes índices da fase inicial. Não, nunca. Quis ser paciente e fez jogo direto, quis acelerar e abusou nos passes atrasados, numa polifonia verdadeiramente incómoda. O coletivo foi incapaz de funcionar em uníssono, a uma voz.

Procura-se: um grande teste para este dragão

A assistir a tudo isto da primeira fila, o Vitória Guimarães começou a perceber que se calhar até valia a pena jogar algum futebol. Débil até sofrer o golo, sem capacidade de incomodar minimamente, o Vitória passou a sair em algumas transições rápidas e a beneficiar de lances de bola parada em zonas prometedoras.

O FC Porto, lá está, hesitou e estendeu a interrogação sobre o destino do jogo até ao apito final. A incapacidade de guilhotinar um oponente acessível foi confrangedora e os assobios passaram a tomar conta da banda sonora.

A liderança é azul e branca, sim senhor, mas é uma liderança desconfiada. De tudo o que a rodeia, inclusivamente da própria sombra. É uma liderança magra, a necessitar de uma reprimenda e de hábitos mais saudáveis.

Para se convencer a si próprio e definir de uma vez por todas a cartilha a abraçar, o FC Porto precisa de aprovação num grande teste. O da próxima terça-feira vem mesmo a calhar. 

in Mais Futebol 

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