Benfica e Braga empatam (2-2)
Salvio e Melgarejo nos extremos de uma montanha russa.
O Benfica manteve o hábito de oito anos sem ganhar nas estreias na Liga,
empatando na Luz diante de um Sp. Braga personalizado.
Num jogo intenso, e cheio de voltefaces, Salvio e
Rodrigo foram os protagonistas encarnados pela positiva. Duas
infelicidades
de Melgarejo, a aposta de Jorge Jesus para
lateral esquerdo, equilibraram os pratos da balança e permitiram ao novo
Sp. Braga
passar num teste exigente, antes da luta pela
Champions.
A colocação de Rúben Amorim como ala esquerdo, para
travar
as subidas de Maxi, foi a meia surpresa
preparada por Peseiro na inauguração pública do Braga. E os primeiros 15
minutos confirmaram
que as novidades nos minhotos não se resumiam ao
verde da camisola, mas estendiam-se aos períodos prolongados de posse e
domínio
no meio-campo do Benfica. Com Mossoró a fazer
pontes entre médios experimentados, adeptos de pensar antes de correr, o
visitante
chamou a si as melhores ideias e retardou em 15
minutos a entrada do Benfica na Liga 2012/13.
Até aí, a equipa
encarnada
destacara-se mais pelos inúmeros passes perdidos
em fase de construção ¿ tornando gritante a falta de um médio
vocacionado
para descobrir atalhos no plano de Jorge Jesus.
Estavam dois no banco, Aimar e Martins, mas só um entrou em cena. E
muito,
muito tarde.
Salvio, o despertador
Já
depois de Lima ter obrigado Artur à primeira defesa, foi um
remate de Witsel a chamar Beto ao jogo,
arrancando os primeiros aplausos na Luz. Sem resolver os problemas
estruturais, e
dando muitas vezes a sensação de jogar mais em
força do que em jeito, o Benfica começou a equilibrar a balança graças à
qualidade
individual de alguns jogadores.
Salvio,
com a cumplicidade ativa de Rodrigo, estava nas melhores ações
encarnadas.
Ora obrigava Beto a defesa apertada (19 m), ora
rasgava um passe que punha Bruno César na cara do golo para um remate ao
lado
(43 m). O lance prometia uma segunda parte em
crescendo para os encarnados, e a promessa pareceu cumprir-se quando o
extremo
contratado ao At. Madrid apareceu no sítio certo
para concluir um cruzamento de Rodrigo, a que Cardozo não chegou (49
m).
O
pesadelo de Melgarejo
Nessa altura, o
golo dava tradução lógica ao crescimento do Benfica e premiava o seu
protagonista.
Mas os prolemas de organização e de improviso na
equipa encarnada punham qualquer lógica em causa. Sete minutos depois,
numa
entrada de Ismaily pela esquerda, Melgarejo, que
até aí tinha feito pela vida, procurando não cometer erros grosseiros,
calculou
mal o tempo de entrada e bateu Artur com uma
cabeçada fulminante.
Um jogador mais rotinado na função teria
tido
o mesmo tipo de infelicidade? A pergunta pode
ser retórica, os seus efeitos não o foram. O Benfica desorganizou-se e
perdeu
confiança. E o seu lateral improvisado acentuou o
desastre, com um mau alívio para os pés de Alan. O cruzamento remate do
brasileiro encontrou Mossoró sem marcação, e em
posição legal, para bater Artur (63 m).
Aimar, tão tarde
O
1-2 acentuava os ares de pesadelo tão familiares
às estreias do Benfica na Liga. Mas a montanha russa de emoções ainda
teria
tempo para um derradeiro volte face. Trouxe-o o
tal médio, que pensa mais do que corre, e que ajudou a estancar as
inseguranças
do Benfica. Dois minutos depois de estar em
campo, Aimar apontou um livre lateral. A cabeçada de Luisão foi desviada
pelo
braço de Custódio, e Soares Dias assinalou
penalti (bem) e mostrou o segundo amarelo a Douglão (mal).
Cardozo
não
falhou, embora Beto ainda tivesse tocado na
bola, e o Benfica partiu para 20 minutos de assalto, perante um
adversário reduzido
a dez e já sem soluções para fugir ao cerco. Aí,
as emoções mandaram mais do que o resto, e o Sp. Braga abdicou de bola,
procurando
de todas a formas que o relógio jogasse a seu
favor. Conseguiu-o, e ninguém poderá dizer que não fez por merecer o
prémio.
Tal como o Benfica terá de olhar para si próprio
e reconhecer que fez muito para ser infeliz e manter o enguiço das
estreias.
in Mais Futebol
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