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domingo, 30 de setembro de 2012

FC Porto pouco humilde empata com Rio Ave (2-2)

Um dragão com jeito de lorde em crise de humildade.
As curas de humildade nunca fizeram mal a ninguém. O problema é quando essa terapia se repete ano após ano. Aí algo está definitivamente mal, a começar pela própria (falta de) humildade. O diagnóstico não será facilmente identificável, porém. A génese residirá na raiz da personalidade, na comportamento-tipo, enfim. Que avance o psicólogo de serviço.

Nós, leigos nas ciências psíquicas, limitamo-nos a constatar evidências. A similitude entre o semi-insucesso do F.C. Porto em Vila do Conde com os desaires da época transata (Nicósia, Barcelos) são assustadores. Há, evidentemente, uma diferença superlativa: os dragões desta vez salvaram um ponto, em cima do minuto 90. 

Falamos de humildade, como podemos falar também de usura. A vencer por 0-1, sem ter de se aplicar a fundo para isso, os azuis e brancos vestiram o fato de gala, acenderam um charuto dos caros, daqueles que só se encontram no mercado clandestino, e passearam-se inconscientemente à mercê do perigo. 

Só não viu quem quis. Qual lorde inglês, diletante e indiferente, o F.C. Porto sorriu perante a escarpa vertiginosa e foi incapaz de perceber que a coisa acabaria mal. Acabou mesmo e podia ter sido pior, não fosse o cabeceamento salvador de Jackson já perto do último apito. 

FICHA DE JOGO E AO MINUTO

Chegados aqui, impõe-se falar de Tarantini. Qual Viriato emboscado por tropas romanas, o soldado mais competente de Nuno Espírito Santo rebelou-se e justificou o epíteto de herói. 

Primeiro ao jogar muito bem; depois, ao roubar a bola a Maicon (minuto 78, que gafe!) e a finalizar com categoria; a seguir, ao arrancar um pontapé do mais fundo da alma e a fazer estremecer o charuto do lorde britânico. 

De traje definitivamente manchado, colete desconchavado e os cabelos em pé, o F.C. Porto lá encontrou um assomo de dignidade e alcançou o mal menor. Longe de ser a redenção, foi a forma de resgatar um ponto e voltar a casa de consciência menos pesada. 

Tremendo mérito do Rio Ave, principalmente pela capacidade de nunca se desorganizar e de ter sido arrojado no segundo tempo. No F.C. Porto faltou o verdadeiro Lucho, outro Moutinho mas, acima de tudo, uma cultura de obsessão pelo golo. 

Salvou-se Miguel Lopes, autor de um golo e de uma assistência brilhante, James Rodríguez e pouco mais. Há muito para refletir.

Os Destaques do Jogo: Tarantini, soberbo

O F.C. Porto, é bom notar, teve o jogo na mão. A vencer, a ter um adversário relativamente sossegado do outro lado e a acreditar que o tempo correria sempre a seu favor. Mas não, no futebol não há disso. A mais indefesa das vítimas pode tornar-se num guerrilheiro selvagem a qualquer instante. Basta pressentir o odor do facilitismo. 

Este empate deve ruborizar de responsabilidade os bicampeões nacionais. Pelo que não jogaram, por terem sido incapazes de matar o jogo, por terem pensado no PSG, por não terem percebido que há vida para lá do Dragão. Que há vida fora da mansão luxuriosa do lorde, do senhor. 

Insistimos: esta é mais uma cura de humildade aplicada a uma equipa que, de vez em quando, tem recaídas. E é bom que se perceba que isto tem consequências. 

in Mais Futebol

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