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domingo, 7 de outubro de 2012

Benfica vence Beira Mar (2-1)

Um anti-Barcelona a mostrar que não é preciso ter bola para criar problemas.
Há quatro dias, na Luz, à custa de um golo madrugador e da sua incomparável ciência de posse de bola, o Barcelona marcou a distância que separa o Benfica do topo do mundo. Neste sábado, novamente com um golo madrugador, coube ao Beira Mar, pelo caminho inverso, mostrar como não é preciso ter bola para criar problemas complicados à equipa de Jorge Jesus. 

Tudo começou num erro individual, é certo. Mas a má saída de Artur, que facilitou o golo de Sasso, logo aos 5 minutos, foi uma porta de entrada para uma primeira parte quase totalmente falhada. A atacar, sim, mas também na organização defensiva. Só assim se explica que um avançado deixado praticamente à sua sorte, como o combativo Abel Camará, conseguisse arrancar cinco faltas no meio campo encarnado, permitindo à sua equipa espaço e tempo para respirar. 

Duas equipas em 30 metros

Em vantagem, foi ainda mais evidente que o objetivo de Ulisses Morais passava por encurtar o campo. O 4x1x4x1 dos aveirenses agrupava-se numa faixa de 30 metros, obrigando Melgarejo a pisar os calcanhares a Gaitán, Maxi a jogar no espaço de Salvio, Rodrigo a vir buscar jogo junto a Matic, e assim sucessivamente. Com as movimentações limitadas de Enzo Pérez, faltava um fio condutor à construção de ataques dos encarnados, que por esta altura tinham Lima quase perdido para o jogo, numa luta com os centrais que acentuava a lembrança do lesionado Cardozo, nunca tão útil como neste tipo de jogos.

Foi, assim, com um cerco quase constante, mas de poucos frutos, à área de Rui Rego que a primeira parte se esgotou. No registo de incidências, apenas dois momentos que poderiam ter antecipado a reviravolta. Primeiro um remate de Salvio, ao poste, após cruzamento de Melgarejo (32 m). Depois, mesmo em cima do intervalo, o penalti assinalado por derrube a Maxi, que Rodrigo atirou para as mãos do atento Rui Rego.

Poderia pensar-se que com esse fator adicional de perturbação, traduzido em alguns assobios no regresso às cabinas, o Benfica iria entrar para a segunda parte a acentuar os sintomas de nervosismo e insegurança. Mas para poder explorar isso, o Beira Mar precisava de ter outra capacidade para se soltar e, mesmo que pontualmente, dar companhia mais próxima ao seu único avançado.

Maxi põe o jogo de pernas para o ar

Mantendo a aposta nas linhas compactas, em redor da área, a equipa de Ulisses expunha-se ao erro. Até porque correr atrás da bola cansa, desgasta e abre espaços, como o Benfica tinha percebido às suas custas na última terça-feira. Com o flanco esquerdo dos encarnados a aumentar de intensidade foi, sem surpresa, de um cruzamento de Melgarejo que nasceu o golo da reviravolta: a defesa do Beira Mar demorou a afastar o perigo, Salvio insistiu, e Maxi, a funcionar novamente como segundo extremo, deu literalmente a volta ao jogo, e a si próprio, faturando o empate com uma meia bicicleta acrobática (58 m).

O empate ia obrigar o Beira Mar a pensar em estender um pouco mais o jogo para impedir que o entusiasmo encarnado transformasse a meia hora final num massacre. Mas nem houve tempo para pensar: dois minutos depois do empate, Jaime perdeu a bola em zona proibida, Rodrigo roubou-lha e tabelou com Lima, recebendo a oferta do companheiro para o 2-1.

Faltava mais de meia hora, mas o jogo pouco mais teve para oferecer, mesmo com as entradas de Martins, Nolito e Bruno César, e com o refrescar no ataque por parte de Ulisses. Em parte porque o Beira Mar, obrigado a recorrer ao plano B, mostrou poucos argumentos para alimentar a chama de um empate. 

E em parte, uma parte bem maior, porque, à imagem de Jorge Jesus, sempre crispado na lateral, o Benfica, com Matic como único cimento para um meio-campo desconexo, nunca foi capaz de agarrar o jogo com duas mãos e adornar a vitória, lógica, com um sorriso de descontração.

in Mais Futebol

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